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sexta-feira, 16 de março de 2012

Perigos do uso da pílula do dia seguinte

Uso repetido de pílula do dia seguinte é perigoso para a mulher
Pesquisa revelou que adolescentes abusam do medicamento.
Uso incorreto é menos eficaz e causa vômitos e sangramentos.

As adolescentes que estão abusando do uso da pílula do dia seguinte (como revelado por uma pesquisa do Portal Educacional) estão correndo um grande risco de engravidar e de sofrer problemas de saúde. O contraceptivo de emergência não é para ser usado repetidas vezes. A taxa de eficácia diminui e a carga de hormônio exagerada pode causar vômitos e sangramentos.

“O termo ‘pílula do dia seguinte’ poderia até ser considerado errado”, explicou ao G1 o médico ginecologista Júlio Bernardi. Isso porque o medicamento não funciona da mesma maneira que o anticoncepcional convencional. “É uma grande quantidade de hormônio que é usado para antecipar a menstruação ou impedir o óvulo de ser fecundado”, afirma.

O uso da medicação é recomendado apenas em casos especiais. Por exemplo, quando a camisinha estoura ou um comprimido da pílula convencional é esquecido sem a mulher perceber. Ela também não oferece proteção alguma contra doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids.

A alta carga de hormônios no organismo (entre seis e 20 vezes a mais que um comprimido de contraceptivo comum) tem vários efeitos. Se a mulher ainda não ovulou, a pílula retarda a liberação de um novo óvulo. Se a ovulação já ocorreu, ele acelera a descamação do endométrio (a camada que recobre o útero para receber o óvulo fecundado e cuja descamação é a causa da menstruação). Além disso, a medicação também “engrossa” o muco vaginal – para dificultar a passagem dos espermatozóides.

Existem dois tipos principais de “pílulas do dia seguinte”. O primeiro são dois comprimidos, que precisam ser tomados com 12 horas de intervalo. O segundo é em uma única dose. Os dois tipos precisam ser consumidos não mais que 72 horas após a relação sexual desprotegida – e quanto mais rápido melhor. Quando usado corretamente e uma única vez, a taxa de eficácia é alta, por volta de 98%. Mas o uso repetido diminui essa eficiência.

“Há uma taxa que fica entre 2% a 20% ou 30% de falha. Então não é um método que possa ser usado como contracepção de rotina”, diz Bernardi.

Quanto mais vezes se usa a pílula do dia seguinte, maiores as chances de ela não funcionar. E maiores os riscos para a saúde. “Ela pode ter náusea, vômitos, fadiga, sangramentos. É uma quantidade muito grande de hormônios”, alerta o médico. O ciclo menstrual geralmente se desregula e demora muito para voltar ao normal. Sem o uso da camisinha, o risco de engravidar aumenta.

“Ela foi idealizada como uma emergência. Há muita gente que não se preocupa em usar um método de barreira ou hormonal e recorre a isso como contracepção. Não é. O próprio nome que usamos, intercepção, significa interrupção”, afirma ele.

Medo e confusão

Apesar de, teoricamente, só poder ser comprada com receita médica, a pílula do dia seguinte é facilmente encontrada sem prescrição. O que a tornou uma saída fácil para jovens assustadas com medo de engravidar.



Foi o que aconteceu com uma jovem universitária de São Paulo, que preferiu não se identificar. Pouco depois de fazer 17 anos, ela começou a ter relações sexuais com o namorado. A inexperiência de ambos acabou rompendo a camisinha. "Bateu o medo de uma gravidez indesejada", disse ela ao G1. "O desespero de pensar em como contar para os pais, de ter que dar um tempo no sonho da universidade, o preconceito das pessoas e também o medo da responsabilidade de ter um filho tão nova", afirmou.
 

No caso de outra jovem, Lie Novaes, de 20 anos, o medo de engravidar foi tanto que ela tomou a contracepção de emergência sem nem precisar, pois não havia sequer tido relações sexuais. Quando sua menstruação atrasou, em julho de 2007, ela entrou em pânico. “Mesmo sabendo que era impossível eu estar grávida, acreditava firmemente que poderia estar”, conta a estudante de psicologia. “A encanação foi tanta, que tomei a pílula,” disse ela.



Mas o medo não passa com a medicação. Lie se assustou com as conseqüências. “Meu organismo ficou uma bagunça”, conta. A outra jovem ficou ainda mais tempo preocupada. "Mesmo depois de descer a primeira menstruação depois da pílula não fiquei tranqüila, porque a segunda atrasou -- o que me fez achar que não tinha dado certo.", conta ela, que, depois do susto, passou a tomar anticoncepcional para ficar mais tranqüila.



O que fazer

A recomendação geral é que, ao ter uma relação sexual desprotegida, a mulher procure imediatamente um médico. Geralmente, em casos como esse, os ginecologistas costumam atender a paciente na frente de outras. Uma boa pedida pode ser procurar um Pronto Socorro para procurar orientação médica.

Se a pílula do dia seguinte for tomada sem prescrição é essencial procurar o ginecologista o mais rápido possível após o uso. Primeiro, porque ele vai poder tranqüilizar e responder todas as dúvidas da mulher. Segundo, porque ele vai poder monitorar as alterações no organismo que a medicação vai trazer.

Para não engravidar, a melhor opção varia de mulher para mulher: de pílulas diárias a injeções, adesivos e anéis vaginais. Só o médico e a paciente juntos podem definir o método mais adequado. Não importa qual seja, no entanto, a camisinha não deve ser abandonada, porque é a única maneira de se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis.



Fonte: G1     

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